sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Recursos Limitados, Eficácia/Eficiência/Justiça na sua Repartição e Direitos Humanos – Observação e Pergunta a Adriano Moreira


Tenho por Adriano Moreira o respeito devido a um cidadão e ao ancião capaz de ser meu pai. Dito isto,

-sobre a substância do que afirma, entendo que AM confunde Repartição de Recursos Limitados com Princípios de natureza diferente como os da Declaração Universal dos Direitos do Homem,

-recordo que antes do 25 de Abril, não sendo ‘ultra’, esteve no lado errado da barricada,

-reformulo como pergunta, a acusação pública e, que eu saiba sem resposta, de ter responsabilidade política directa na reabertura e funcionamento do Campo de Concentração do Tarrafal para acolher combatentes nacionalistas das então Colónias.

 

*Condicionamento dos Princípios pelos Recursos Disponíveis
A questão está mal formulada e deve ser reposta:

-como alocar recursos limitados à realização de diversos fins sociais?

Nestes casos, os ‘princípios’ ou a ‘principiologia’ estão condicionados pelo facto dos recursos serem limitados, não levantam o problema da universalidade da sua aplicação, mas sim problemas de eficácia, eficiência e Justiça Social na repartição dos Recursos.

Perante o condicionamento real da limitação dos Recursos, o mero reclamar de ‘princípios’ não é mais do que a versão mais refinada de uma atitude comum

-a da demissão das responsabilidades em enfrentar a realidade – AM junta-se ao ‘Mestre’ António Costa e ao ‘Aprendiz’ António José Seguro.  

O povo aguarda propostas mais realistas.

*Princípios Gerais e Absolutos
Há outros Princípios que são gerais, absolutos e cuja defesa tem custado muitos milhões de vidas e sofrimentos infindáveis. Exemplo são os que figuram na Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Sobre a defesa destes Princípios e a clareza de posições, há uma observação e uma pergunta a Adriano Moreira.

Antes de 1974, o Governo de Portugal violava a maior parte destes princípios, no Continente e na Colonias, onde democratas portugueses e nacionalistas africanos lutavam por eles – desse tempo, recordo Adriano Moreira no lado errado da barricada, não era ‘ultra’, mas o lado era o errado. A defesa dos Princípios exige mais coerente paladino.

Recentemente, Edmundo Pedro, alguém que tem uma tremenda autoridade para falar sobre Direitos do Homem, formulava no jornal Público uma acusação a Adriano Moreira, que não me lembro de ter sido contestada e que reformulo como pergunta:

-durante a Guerra Colonial, o Campo de Concentração do Tarrafal foi reaberto e posto a ‘funcionar’ contra os combatentes pela independência de Angola, Guiné, Cabo Verde e Moçambique,

-o Ministro Adriano Moreira teve responsabilidade politica directa (indirecta, teve) nesta reabertura e funcionamento?

É importante responder a esta pergunta para ilibar a sua pessoa ou situar outra dimensão, e esta algo sinistra, na sua concepção da Defesa de Princípios.

 

A Bem da Nação

Lisboa 29 de Agosto de 2014

Sérgio Palma Brito

 

domingo, 24 de agosto de 2014

Arco de Jesus – o que a História nos obriga e o que o Turismo exige

Este é o Arco de Jesus, em Lisboa. Não dizemos onde se situa - quem não sabe, terá de googlar!
 
O Arco de Jesus terá sido uma das 12 portas da primitiva cerca da cidade, conhecida pela designação de ‘Cerca Moura’”. E ainda “Talvez Postigo de D. Gil Cannes da Costa, pela segunda metade do seculo XVII … em homenagem a este fidalgo que foi presidente do Senado de Lisboa, pelos anos 1595/1602”. Ou mesmo “por esta porta foi a cidade invadida pelos cruzados que auxiliaram D. Afonso Henriques na conquista de Lisboa”.

A Ribeira de Lisboa de Júlio Castilho (mais de uma dúzia de volumes) ainda está algures numa caixa de cartão, mas estas referências (Ruas de Lisboa, J.J. Gomes de Brito, vol. I) chegam para podermos afirmar

-a história de Lisboa obriga-nos a recuperar toda a zona do Arco de Jesus em respeito pelo que é nosso, e

-a visitação da área da Sé e Castelo exige encenação rigorosa e excitante do percurso que começa no que terá sido porta da Cerca Moura e, talvez com alguma fantasia, ‘porta de entrada dos Cruzados’.

Receamos que todo o buzz sobre o sucesso do Turismo em Lisboa nos faça esquecer o muito que há a fazer em limpeza, minimização de tráfego automóvel, reabilitação urbana e valorização da ‘visita turística’.

 

A Bem da Nação

Lisboa 24 de Agosto de 2014

Sérgio Palma Brito

terça-feira, 19 de agosto de 2014

O Consulado de Luanda é a Primeira Experiência da Visita a Portugal


A relação entre Portugal e Angola só é forte se assentar nos angolanos e portugueses e na maneira como nos relacionamos, seja em Angola e em Portugal.

Esta relação é feita de uma miríade de detalhes nos mais diversos campos das actividades humanas.

‘Isto’ vai muito mais longe do que Vistos e Receita de Viagens e Turismo.

Neste Post apenas nos ocupamos de um grande pequeno detalhe:

-fazer do Consulado de Portugal em Luanda a primeira grande experiência da deslocação de um angolano a Portugal.

Para que isto aconteça, temos de fazer mais, melhor e diferente do que fazemos.

 

*A Notícia do Expresso
A notícia do Expresso de 15 de Agosto denuncia uma situação a que nunca deveríamos ter chegado e que tem de ser muito rapidamente recuperada – a legenda da foto lembra que há pessoas que têm de dormir na fila de espera.

A notícia do Expresso
 


Segundo o Expresso, estão a ser tomadas medidas que vão melhorar significativamente o serviço prestado. Salvo o devido respeito e melhor informação, as medidas anunciadas resultam de uma visão meramente operacional e não têm em conta o essencial:

-fazer do Consulado de Portugal em Luanda a primeira grande experiência da deslocação de um angolano a Portugal.

Para um angolano, ir ao consulado obter um visto ou um documento tem de ser fácil, agradável e amigável. As instalações, a organização e o pessoal têm de ser um todo coerente ao serviço de quem nos procura.

Esta experiência é muito mais larga do que o Turismo. Como há gente mais sensível a ganhos, esperamos que alguns números sensibilizem os espíritos menos sensíveis às minudências da fraternidade humana.

*Importância do Mercado de Angola para a Economia do Turismo
O Gráfico 1 ilustra a Receita de Viagens e Turismo do TOP 15 dos Mercados Emissores, em 2013. Três Comentários:

-o TOP 15 dos Mercados Emissores em 2013 (€8.280 milhões) representa 89.5% do Total (€9.250milhões),

-depois dos quatro Mercados Importantes que são tradicionalmente mais importantes, os três seguintes (Angola, EUA e Brasil) são algo inesperados.

Gráfico 1 – Receita de Viagens e Turismo do TOP 15 dos Mercados Emissores
(€milhões)

 
Fonte: Elaboração própria com base em Banco de Portugal- BPStat

*Angola, Brasil e Estados Unidos
O Gráfico 2 mostra a Evolução 2003/2013 da Receita de Viagens e Turismo gerada pelos Mercados Emissores de Angola, Brasil e Estados Unidos, que representam 15,4% do Total da Receita.

Gráfico 2 – Evolução 2003/2013 de Angola, Brasil e Estados Unidos
(milhões)

 
Fonte: Elaboração própria com base em Banco de Portugal- BPStat

Dois comentários

-o crescimento de Angola a partir de 2008 resulta de factores exógenos à Promoção Turística (o PENT ignora Angola) e não de acção programada em Portugal,

-para que este crescimento seja sustentável, é necessária uma intervenção portuguesa, de que a transformação do Consulado é apenas um primeiro passo.

E uma interrogação

-Pires de Lima, Mesquita Nunes e Cotrim de Figueiredo vão ignorar este potencial de negócio?

As medidas que estão a ser implementadas são operacionais. É preciso algo mais e é da sua competência.

 

A Bem da Nação

Lisboa 19 de Agosto de 2014

Sérgio Palma Brito

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Obrigado, Good Morning Vietnam!


Admiro o Robin Williams da irreverência do Good Morning, Vietnam! Aí pelo final de 2000, inspira-me o sucesso de uma intervenção arriscada. Conta-se em três palavras.

No final de 2000, o RCI Europe convida os melhores clientes e principais ‘prospects’ para um fim-de-semana promocional e em grande, no Hilton Cavalieri de Roma. Dos EUA veio o Presidente e alguns tops.

O programa prevê uma apresentação do RCI Europe, mais Médio Oriente e India – cada um dos directores nacionais tem três minutos para apresentar o seu mercado. No ensaio da véspera, com um discurso afinado e que devia ser repetido, percebo que a coisa seria uma pepineira, burocrática e enfadonha, na qual eu era para aí o nono a falar de entre uma quinzena.

Enquanto espero a minha vez e ouço os meus colegas debitar banalidades terminadas com aplausos de aviário, lembro-me do Robin Williams do Good Morning, Vietnam.

Antes de entrar, verifico o respeito do horário. Caso raro, há cerca de 15/20 minutos de avanço.

Arrisco! Começo com uma frase diferente da prevista e concebida para provocar uma reacção. Arranco uma salva de palmas e, mais importante, vejo o Presidente rir e aplaudir sem cerimónia.

Vou por ali adiante, sempre de olho nas reacções da sala e do Presidente – o riso é quase constante e há mais três salvas de palmas, antes da final.

Em vez de três falei treze minutos e terminei em beleza.

Regresso ao backstadge e tenho uma decepção. Encontro ciúmes pelo sucesso, burocracia (não seguiste o guião e demoraste treze minutos) e algum silêncio.

Acabada a sessão, há os parabéns do Presidente e clientes. Durante anos, quando encontro algum dos participantes, a conversa começa sempre pelo recordar do meu speech de Roma.

Acontece há algum tempo, quando encontro um promotor espanhol nas ruas de Lisboa e a primeira frase é "I still remember your great speech at the Rome Conference"!

Em síntese, quando a burocracia vos domina e sentem que estão a cozer em lume brando … avaliem o terreno e arisquem o Good Morning Vietnam.

Obrigado, Robin Williams!

 
A Bem da Nação

Lisboa 12 de Agosto de 2014

Sérgio Palma Brito