quinta-feira, 30 de abril de 2015

Ajuda do Estado à TAP e falta de credibilidade da Comissão de Trabalhadores


Mostramos como a Comissão de Trabalhadores da TAP não diz a verdade aos seus representados, fazendo que seja um secretário de estado a lembrar o que é publico:

-não privatizar a TAP implica ajuda do Estado com autorização da Comissão e integrada num Plano de Restruturação muito duro, ao ponto do Presidente da Republica pedir protecção divina.

Defender os trabalhadores exige criticar o comunicado da comissão que os repreenta.

*O comunicado da Comissão de Trabalhadores
Segundo o Expresso online, um comunicado da Comissão de Trabalhadores da TAP refere que

-a "ameaça de reestruturação é em parte uma chantagenzinha do tipo, 'ou aceitam a privatização ou levam com uma reestruturação'", acusando o Governo de, com os seus "únicos e criminosos objetivos" que são a criação de "oportunidades de negócio aos amigos, servir os interesses daquilo a que se chama o grande capital".

-"se impõe a travagem definitiva das tentativas de privatizar a TAP, que a tutela deixe de ser um elemento desestabilizador da TAP, e que pelo contrário, um conjunto de políticas públicas seja desenvolvido para potenciar o papel da TAP enquanto geradora de riqueza para o país, promotora de emprego de qualidade, dinamizadora da actividade económica" (aqui).

*Sobre a ajuda pública à TAP
É espantoso como neste final de Abril de 2015 a Comissão de Trabalhadores da TAP ainda ignore uma realidade básica:

-é inquestionável que a TAP precisa de ser recapitalizada sob pena de definhar a caminho de uma insolvência que será dramática para todos, País, portugueses e trabalhadores,

-se a TAP não for privatizada, a capitalização tem de ser assegurada pelo Estado.

Como já referimos muitas vezes, mas temos de continuar a insistir, a capitalização pelo Estado é uma ‘ajuda pública’ que tem de ser aprovada por Bruxelas a dois níveis:

-o do Orçamento do Estado, porque o montante do aumento de capital conta para ao deficit e dívida, o que levanta questões sem solução fácil,

-o da Concorrência, o que implica um plano de reestruturação gravoso e acordado por burocratas de lá e políticos de cá, o que só por milagre dá certo.

*Introdução ao futuro Plano de Reestruturação da TAP Pública
Com base nas orientações definidas pela Comissão (aqui), a capitalização exige um Plano de Reestruturação negociado com o Estado português, mas na realidade imposto pela Comissão.

Neste plano, a TAP terá de contribuir com 50% do montante da capitalização. É melhor começarmos a pensar como obter uma ‘contribuição’ de pelo menos €250 milhões.

A ajuda do Estado não pode distorcer a concorrência, o que exige reduzir “(non-loss-making) activities in order to limit the distorsive impacto of the State ain on competition”. A Comissão refere:

-“redução de frota e de rotas estão entre as primeiras medidas a considerar” – a Comissão não o diz, mas é evidente que estas medidas implicam redução de pessoal,

-ceder slots em aeroportos congestionados, o que equivale a dizer Heathrow e São Paulo.

É neste quadro que devemos compreender o Presidente da Republica a pedir protecção divina:

-“Deus queira que na TAP não aconteça o que aconteceu noutros países da União Europeia, em que as companhias foram forçadas a realizar despedimentos significativos e a cortar rotas". (aqui).

*Defender os trabalhadores implica criticar a Comissão
Comunicados como este destroem a credibilidade da Comissão de Trabalhadores e mostram a necessidade de criar na TAP um novo modelo de cooperação entre accionista, gestão e trabalhadores – uma visita de estudo à Auto Europa ajuda.

Criticamos a tomada de posição da Comissão de Trabalhadores porque não é assim que se constrói uma TAP rentável em mercado aberto e sem ajuda do Estado. Acham que ‘isto’ é vender a TAP ao grane capital? Não é – é o objectivo do Plano de Restruturação que acompanha a capitalização pelo Estado.

Neste caso, o Secretário de Estado não faz chantagem (zinha ou não). Diz a verdade, que a Comissão de Trabalhadores não quer dizer aos que pretende representar.

 

A Bem da Nação

Lisboa 30 de Abril de 2015

Sérgio Palma Brito

 

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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Comentários ao comunicado de três sindicatos da TAP: SNPVAC, SITAVA e SINTAC


Caros amigos dos sindicatos da TAP!

Lemos a notícia do Publituris online (aqui)e pensamos ser importante esclarecer o significado real de uma afirmação vossa:

-“A TAP não recebe, há mais de 18 anos, absolutamente nada do Estado Português”.

Antes de listarmos factos que mostram como a afirmação, sendo verdade não é verdadeira, fazemos uma pergunta:

-que divindade acordou à TAP a indulgência de não ser obrigada a remunerar (leia-se, pagar dividendos) o capital nela investido e que é de todos os portugueses?

Feita a pergunta, passemos aos factos.

Entre a nacionalização de 1975 e 1994, o Estado ‘meteu’ Na TAP uma verba que nos dá muito trabalho quantificar, mas que é significativa.

Apesar desta ajuda,

-em 1994 a TAP é salva da falência com ajuda do Estado de €1,35 mil milhões para aumento de capital e €1,27 mil milhões de garantias a empréstimos, em euros actualizados a 2014.

Apesar desta ajuda,

-em 2000/01, a TAP está de novo à beira da falência e sem que o Estado possa intervir, porque a decisão da Comissão de Julho de 1994 tal proíbe.

A partir de 2001,

-a TAP é salva da falência pela gestão profissional da equipa de Fernando Pinto, depois de 25 anos de gestores de génese político partidária e desconhecedores do negócio da aviação civil.

Como explicamos em outro lugar, entre 2001/2014,

-o número de passageiros da TAP é multiplicado por dois, mas o número de PKUs é multiplicado por três, o que representa crescimento de ‘duas TAPs de 2001’,

-a TAP tem performance financeira medíocre por várias razões que explicamos em outro post, mas cuja responsabilidade está longe de ser a que apontam.

Por razões que vão muito para além das que enunciam,

-em 2015 a TAP só será salva da falência por capitalização de várias centenas de milhões de euros e outras tantas em garantias bancárias.

Se for feita pelo Estado, esta capitalização tem de ser aprovada por Bruxelas a dois níveis:

-o do Orçamento, porque vai ao deficit, o que levanta questões sem solução fácil,

-o da Concorrência, o que implica um plano de reestruturação gravoso e acordado por burocratas de lá e políticos de cá, o que só por milagre dá certo.

Se chegarmos à implementação deste plano, aposto recordarão o que agora escrevemos.

Se a capitalização for feita por accionista privado, longe de burocratas de lá e políticos de cá, tem chance de dar certo, porque o accionista conhece o negócio e procura rentabilizar o investimento.

Por fim, recordamos uma realidade que tem vindo a ser ignorada e não tida em conta:

-desde 1994 que a TAP só sobrevive se for rentável em mercado aberto e sem ajuda do Estado.

Sem isto, todos nós perdemos!

 

A Bem da Nação

Lisboa 30 de Abril de 2015

Sérgio Palma Brito

Greve do SPAC e €300 milhões perdidos em receitas turísticas


A falta de informação estatística sobre turismo faz florescer a indústria dos ‘números que são notícia’, mesmo que estejam errados até à raiz dos cabelos. O mais recente produto desta indústria é a greve da TAP implicar €300 milhões de perdas em “receitas turísticas”, “receitas de exportação que o turismo” ou outra designação fantasista da Receita da rúbrica de Viagens e Turismo da Balança de Pagamentos.

Como se calcula a perda de €300 milhões? Simples! Em 2014, a receita de viagens e turismo de Maio é de €911 milhões. Um mês tem trinta dias, pelo que dez dias representam os €300 milhões. Até pode estar certo, mas o erro vem a seguir.

Erro nº 1: a estimativa supõe que todos os turistas não residentes se deslocam em avião, o que está longe de ser verdade. Há desde logo, os residentes em Espanha e os emigrantes portugueses. Depois, há muitos outros.

Erro nº2 e de palmatória mais orelhas de burro: a estimativa supõe que todos os turistas que se deslocam de avião … utilizam a TAP. Na realidade e considerando apenas os exemplos mais visíveis,

-nestas deslocações a quota das companhias estrangeiras é superior à da TAP e Portugália – a greve na TAP leva as companhias estrangeiras a aumentar capacidade para aproveitar a procura que a TAP perde com a greve,

-em Faro a perda deve ser inferior a 3.000 (três mil) turistas,

-no Porto pode prejudicar a Meet Industry, mas em deslocações de lazer não é relevante.

Em conclusão,

-tenham cuidado ao ler comentários sobre ‘números fáceis e à mão de semear’,

-e sobretudo não confundam a TAP com turismo, porque há muito (mas mesmo muito) turismo para além da TAP.

 

A Bem da Nação

Lisboa 29 de Abril de 2015~

Sérgio Palma Brito