quarta-feira, 29 de abril de 2015

Comentários ao comunicado de três sindicatos da TAP: SNPVAC, SITAVA e SINTAC


Caros amigos dos sindicatos da TAP!

Lemos a notícia do Publituris online (aqui)e pensamos ser importante esclarecer o significado real de uma afirmação vossa:

-“A TAP não recebe, há mais de 18 anos, absolutamente nada do Estado Português”.

Antes de listarmos factos que mostram como a afirmação, sendo verdade não é verdadeira, fazemos uma pergunta:

-que divindade acordou à TAP a indulgência de não ser obrigada a remunerar (leia-se, pagar dividendos) o capital nela investido e que é de todos os portugueses?

Feita a pergunta, passemos aos factos.

Entre a nacionalização de 1975 e 1994, o Estado ‘meteu’ Na TAP uma verba que nos dá muito trabalho quantificar, mas que é significativa.

Apesar desta ajuda,

-em 1994 a TAP é salva da falência com ajuda do Estado de €1,35 mil milhões para aumento de capital e €1,27 mil milhões de garantias a empréstimos, em euros actualizados a 2014.

Apesar desta ajuda,

-em 2000/01, a TAP está de novo à beira da falência e sem que o Estado possa intervir, porque a decisão da Comissão de Julho de 1994 tal proíbe.

A partir de 2001,

-a TAP é salva da falência pela gestão profissional da equipa de Fernando Pinto, depois de 25 anos de gestores de génese político partidária e desconhecedores do negócio da aviação civil.

Como explicamos em outro lugar, entre 2001/2014,

-o número de passageiros da TAP é multiplicado por dois, mas o número de PKUs é multiplicado por três, o que representa crescimento de ‘duas TAPs de 2001’,

-a TAP tem performance financeira medíocre por várias razões que explicamos em outro post, mas cuja responsabilidade está longe de ser a que apontam.

Por razões que vão muito para além das que enunciam,

-em 2015 a TAP só será salva da falência por capitalização de várias centenas de milhões de euros e outras tantas em garantias bancárias.

Se for feita pelo Estado, esta capitalização tem de ser aprovada por Bruxelas a dois níveis:

-o do Orçamento, porque vai ao deficit, o que levanta questões sem solução fácil,

-o da Concorrência, o que implica um plano de reestruturação gravoso e acordado por burocratas de lá e políticos de cá, o que só por milagre dá certo.

Se chegarmos à implementação deste plano, aposto recordarão o que agora escrevemos.

Se a capitalização for feita por accionista privado, longe de burocratas de lá e políticos de cá, tem chance de dar certo, porque o accionista conhece o negócio e procura rentabilizar o investimento.

Por fim, recordamos uma realidade que tem vindo a ser ignorada e não tida em conta:

-desde 1994 que a TAP só sobrevive se for rentável em mercado aberto e sem ajuda do Estado.

Sem isto, todos nós perdemos!

 

A Bem da Nação

Lisboa 30 de Abril de 2015

Sérgio Palma Brito

Sem comentários:

Enviar um comentário