sábado, 15 de agosto de 2015

O Crescimento do PIB, o Partido Socialista e a pirotecnia

Pela voz do seu secretário nacional João Galamba, o Partido Socialista veio a público diminuir os números do crescimento do PIB, recentemente divulgados pelo INE e Eurostat. Discordo do alinhar do Partido Socialista pelo lamiré dos mais radicais de entre dos seus dirigentes. Entendo ser meu dever de militante socialista afirmar uma opinião crítica sobre as opiniões expressas. Como sempre, estou disponível para debater e, citando de cor, não recear o erro por estar sempre disposta a reconhecê-lo.

1.Factos

A “estimativa rápida das contas nacionais” do INE informa que

-o Produto Interno Bruto aumentou 1,5% em volume no 2º trimestre de 2015,

-o aumento resulta da procura interna por via da aceleração do Investimento (sobretudo Variação de Existências) e, em menor grau, do consumo privado.

O Eurostat informa que durante o mesmo período

-o PIB cresceu 1,2% na zona euro e 1,6% na União Europeia (a 28),

-Belgica (1,3%), França (1,0%), Austria (0,6%) e Finlândia (-1,0%)crescem menos,

-Alemanha (1,6%), Espanha (3,1%) e Holanda (2,0%) crescem mais.


2.O Partido Socialista perante os resultados positivos da Economia

É inegável que Portugal

-tem feito progressos no PIB, Exportações e equilíbrio dos pagamentos com o exterior,

-desmentiu as previsões de “espiral recessiva do PIB”, inevitável 2º resgate, Programa Cautelar, bolha artificial no crescimento das exportações.

Por muito que factores externos tenham ajudado, estes resultados são fruto do trabalho e sacrifícios dos Portugueses e, por muito pouco que possa ser, fruto da politica do governo (cujos custos sociais não podem ser ignorados, mas estão fora do âmbito deste post).

O Partido Socialista tem vindo a lidar mal com o reconhecer desta realidade, chegando ao ponto de a atribuir apenas a factores externos e ignorar o trabalho e sacrifícios dos Portugueses.

Ao lidar mal com esta realidade, o PS não entende que

-ofende o bom senso dos portugueses que não são fieis seguidores da linha pura e dura do partido,

-mina a credibilidade que conquistou com a mobilização dos economistas.


3.A posição do PS perante os números do INE e Eurostat

João Galamba assume posições e tem um estilo de que muitos gostam. Eu não gosto, como não gosto nada de ver JG no Secretariado do PS, mas não é a minha avaliação de JG que está em causa.

O importante é

-eu discordar que a voz pública do Partido Socialista se identifique com as posições de JG e o seu estilo.

Se me dou ao trabalho de redigir este post, é pelo PS, porque ainda não acredito e espero não vir a acreditar que

-as afirmações de JG (ver a seguir) tenham sido consensualizadas com economistas qualificados da área do PS e a posição formal e definitiva do PS seja esta.


4.Análise crítica da posição do PS sobre o crescimento do PIB

1.Afirma JG: "Os valores encontram-se no patamar inferior de todas as previsões" e os números "estão aquém das estimativas do Governo para todo o ano".

De facto, havia previsões mais optimistas: Universidade Católica (1,7%) e BPI (1,6%). JG dá-lhes destaque, apesar da diferença mínima, e omite factos relevados pela imprensa de referência:

-segundo o Jornal de Negócios,A economia portuguesa cresceu 1,5% no segundo trimestre de 2015, em linha com as expectativas dos economistas dos bancos”,

-segundo o Expresso, economistas de BCP, Santander e BPI consideram que a meta do governo de 1.6% de crescimento do PIB em 2015 “deverá ser alcançada” e o valor final “pode até sair um pouco acima desse valor, embora abaixo de 2%”.

2.Ainda JG: "Numa altura em que a Europa acelera o seu crescimento, sobretudo Espanha que quase duplica o seu crescimento e cresce a 3%, a Grécia cresce a 1,4%, todos os países da convergência aceleram o seu crescimento e em que os países do Leste da Europa aceleram o seu crescimento, Portugal é o único país de todos estes que mantém o crescimento inferior".

Já não chega que o PIB de Portugal cresça mais do que o da Bélgica, França, Áustria e Finlândia e mais do que o da zona euro pelo segundo trimestre consecutivo. Portugal teria de crescer como os leaders do crescimento na UE28. 

Não partilho o entusiasmo de JG sobre a “aceleração do crescimento” em alguns desses países, apenas lembro que a economia de Espanha tem muito maior potência do que a de Portugal.

3.sobre o governo dar prioridade à procura externa (exportações menos importações) e "O que o INE vem dizer é que aconteceu exactamente oposto, é a procura interna que cresce e o comércio externo pesa negativamente com uma deterioração significativa do nosso saldo comercial".

Primeiro ponto. O crescimento resulta da “aceleração do Investimento” (pela Variação de Existências) e “em menor grau, do consumo privado.”. 

Segundo o Expresso, Teresa Gil Pinheiro do BPI remata com outra nota positiva:

-“Os dados até agora conhecidos indiciam que o crescimento das importações está relacionado com o aumento do investimento, o que a confirmar-se, é um factor de suporte para o crescimento futuro da economia”.

Segundo ponto. João Galamba destaca a “deterioração significativa do nosso saldo comercial" e

-não considera a componente deste saldo destacada por Teresa Gil Pinheiro,

-omite o aumento sustentado das exportações, apesar do efeito Angola e Brasil, desvalorizando um progresso que faz parte do acervo do País.

Simples!


A Bem da Nação

Lisboa 15 de Setembro de 2015

Sérgio Palma Brito

2 comentários:

  1. "Depois das eleições os portugueses vão tomar conhecimento da verdadeira destruição destes quatro anos."
    Por exemplo, o que nos diz o documento ontem apresentado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos: nos últimos anos, o nível de vida dos portugueses regrediu mais de 20 anos; a carga fiscal subiu 11%, com destaque para o IRS, ou seja, o imposto sobre o trabalho; há 700 mil trabalhadores com contratos precários (um em cada cinco empregados); o Estado é sempre lesto e às vezes brutal a cobrar, mas demora em média 133 dias a pagar o que deve; foram destruídos 600 mil empregos entre 2008 e 1013, quase todos à custa da construção, agricultura e indústria; e, sem surpresa, voltamos a ser um país de emigrantes em fuga massiva da miséria.Por: 09.07.2015/RAFAEL BARBOSA/JN. http://viriatoapedrada.blogspot.pt/2015/07/divida-socrates-passosportas.html

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  2. As Contas do Desemprego - 2015
    (Mas sem "Tretas")

    620.400 - desempregados oficiais

    +242.900 desencorajados

    +242.800 subempregados

    +158.000 ocupados IEFP

    + 450.000 emigrados

    1. 714. 100 Desempregados reais 29%.

    Governo Passos/Portas

    Recuámos
    10 anos na riqueza produzida
    20 anos no emprego
    30 anos no investimento
    40 na emigração
    http://viriatoapedrada.blogspot.pt/2015/08/a-fraude-da-divida-grega.html

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